quinta-feira, 5 de maio de 2011

Greve de 6 de Maio só para alguma função pública!


Cartoon in "Guardião"

Os sindicatos dos trabalhadores do Estado ligados à CGTP convocaram greve para amanhã a fim de “exigir uma mudança de rumo político para o País que garanta a defesa dos Serviços Públicos e dos trabalhadores deste sector!”, no entanto os sindicatos dos enfermeiros, nomeadamente os filiados naquela central sindical, SEP e SERAM, não subscreveram a greve, é para se perguntar: por que o não fizeram, se os dos médicos não hesitaram em participar na greve do dia 6 de Maio?

Faz-nos pensar: parece que os enfermeiros não têm razões mais que sobejas para se encontrarem descontentes. A grande maioria da classe não se revê na carreira que relega para uma posição de técnicos e cidadãos de classe inferior, e que foi aprovada com o apoio dos sindicatos, e respectiva grelha remuneratória que os coloca em situação de trabalhadores indiferenciados. Ao não assinarem o pré-aviso de greve, os sindicatos dos enfermeiros levantam, mais uma vez, a suspeição de que andam em negociações secretas com o governo e que o cozinhado das matérias ainda por aprovar deve estar quase pronto, a sair ainda antes das eleições de 5 de Junho.

Mas não foram só os sindicatos dos enfermeiros que não quiseram ir para a greve, os sindicatos dos professores, nomeadamente a Fenprof da CGTP, entenderam por bem em não enveredar pela luta, apesar de serem os mais profissionalizadas de todos na contestação, por contarem que a revogação do sistema de avaliação tinha sido favas contadas, levando a que a Fenprof tivesse anulado a marcha (Marcha Nacional pela Educação) que tinha agendado para o dia 2 de Abril. Mas o governo, usando das influências dentro do Tribunal Constitucional, cortou-lhes as voltas e tudo voltou à estaca zero. O que prova que é errado deitar foguetes antes da festa, e que essa história da separação de poderes não passa de uma treta para enganar o cidadão incauto: alguns juízes, além de serem nomeados pelos dois partidos do arco do poder, são até familiares de dirigentes do PS – tudo uma grande família, ou melhor, uma autêntica máfia siciliana!

Nós enfermeiros temos mais que muitas razões para estarmos revoltados, ficamos com as progressões congeladas desde 2005 (ano I da ”Era da Miséria”) contando que alguns colegas não subiram de escalão por poucos dias, podemos afirmar que estagnamos em termos de salários nominais há cerca de 9 anos e, a partir de Janeiro de 2011, esses mesmos salários nominais têm decrescido numa média de 5%, porque quanto aos salários reais, medidos pelo poder de compra, há mais de dez anos que têm continuadamente decrescido. E, nós enfermeiros, tal como os demais trabalhadores portugueses, não contribuímos para a crise, nem para a dívida pública e nem dela beneficiamos, assim como nada vamos receber do empréstimo que agora foi contraído através da mediação das instituições internacionais FMI, BCE e UE, a famigerada “troika”. Não houve dinheiro, em 2010, para uma grelha salarial (e carreira profissional) digna para a enfermagem, contudo já houve 560 milhões de euros para distribuir pelos amigos e demais clientelas, e quando deu o dinheiro o Governo não se preocupou com a crise!

Claro que greves destas, e numa altura em que os trabalhadores estão mais que motivados para a luta, só conduzem à divisão e confusão entre os diversos sectores de trabalhadores do Estado, em nada contribuem para a sua unidade e mobilização, apesar dos dirigentes sindicais andarem constantemente de boca cheia com as palavras “unidade” e “solidariedade”, e revelam que os sindicatos estão feitos com o Governo e, antecipadamente, jogam com uma possível vitória do partido (“socialista” só nas palavras) que mais destruiu o país e que mais desemprego e miséria trouxe aos trabalhadores portugueses.

Sem comentários: