segunda-feira, 23 de maio de 2011

Cada cavadela cada minhoca




A cabeça de lista do PS por Coimbra, cidade que ela desconhece e à qual não possui qualquer ligação a não ser a do partido, tem estado, nos últimos dias, na imprensa e por razões pouco abonatórias; e sempre que abre a boca é para se dizer: cada cavadela, cada minhoca. Fazemos votos que o partido que nos tem desgovernado nos últimos seis anos e a ministra que nos tem liquidado o SNS obtenham uma derrota estrondosa no próximo dia 5 de Junho.

A médica que tem sido ministra da Saúde, para gáudio dos sindicatos de enfermagem e de outros lóbis instalados na Saúde, afirmou, ainda há pouco, que recebeu "uma orientação de que não podem ser contratadas empresas mas antes médicos individualmente" para não haver "especulação" dos preços pagos por hora aos médicos. E disse bem: “recebeu orientações” da Troika (FMI, BCE e CE/UE). É exactamente isso, o programa do PS para a Saúde, e para o resto, resume-se às “orientações da Troika”, razão mais que sobeja para não se votar neste partido.

É do domínio público que esta política de contratação de pessoal de saúde, e não só, a empresas intermediárias e que são verdadeiras entidades esclavagistas, típicas do século XIX, tem sido um política ruinosa, mas que tem acontecido porque os donos de muitas dessas empresas são médicos e enfermeiros ligados ao PS e, nestas contratações, os administradores hospitalares, muitos deles também ligados ao partido, recebem as habituais comissões por baixo da mesa. No entanto, nem sempre as coisas correm bem, como aconteceu há uns tempos no CHC, onde um concurso de contratação de médicos foi anulado porque a empresa vencedora tinha como proprietários um médico e um enfermeiro chefe funcionários do Hospital dos Covões e as outras empresas concorrentes depressa impugnaram o concurso.

E para do mesmo modo pôr em prática as “orientações da Troika”, a ministra que diz que é médica afirma que, na área do medicamento, as ditas “orientações” vão no sentido das políticas que o Ministério da Saúde vem a implementar desde 2010, com a redução das comparticipações a 100 por cento "para evitar abusos" e, em contrapartida uma aposta em "mais genéricos"; não falando contudo de uma medida que iria moralizar esta área de despesismo público que é a prescrição obrigatória pelo elemento científico do medicamento. Para “evitar abusos", as taxas também ditas “moderadoras” irão ser actualizadas todos os anos, ou seja, irão sofrer aumentos, enquanto a inflação vai já nos 4,1% e os salários nominais dos trabalhadores estão a encolher.

Na mesma altura e no mesmo local, a ministra que diz que é médica, aproveitando a embalagem, continuou desbocada, afirmando que os portugueses são uns abusadores porque recorrem a "demasiadas consultas médicas", o que agrava o consumismo no Sistema Nacional de Saúde. Afirmações"infelizes", como logo considerou o porta-voz do Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde (MUSS). "São declarações infelizes porque penso que não há ninguém que recorra a um serviço de saúde por prazer ou por satisfação. Segundo Carlos Braga, contactado pela Agencia Lusa, as afirmações da ministra são "desajustadas da realidade", nomeadamente devido "às longas horas de espera", "ao pagamento das taxas moderadoras" e "às longas distâncias" que os utentes muitas vezes têm de percorrer para aceder a uma consulta médica. "As pessoas quando recorrem a uma consulta é porque sentem necessidade de recorrer ao serviço de saúde", defendeu o porta-voz do MUSS. E não por divertimento ou para chatear o PS, como considera a médica que acha que é ministra – claro que se as pessoas forem ao consultório privado será melhor, incluindo o seu (dela, ministra que diz ser médica)!

E, como não podia deixar de ser, a ministra que diz que é médica contestou os resultados de um estudo da Deco Proteste que prova que a situação do sistema de cuidados paliativos em Portugal está pior do que há cinco anos. “Há cinco anos, quando realizámos o último inquérito sobre o tema, as unidades públicas de cuidados paliativos eram em número reduzido. Desde então, apesar de sucessivas reestruturações e novas opções surgidas no privado (que se espera serem integrados na rede pública), a resposta do sistema é ainda mais fraca. Os serviços são mais conhecidos e há mais procura e face ao último estudo, as listas de espera dispararam”, lê-se no estudo

Mas se fossem só os cuidados paliativos estaríamos nós bem, infelizmente é todo o SNS para satisfação dos interesses privados, e acusa o PS de que o PSD e o seu chefe querem destruir o Estado Social; coisa, diga-se, de passagem, nunca existiu verdadeiramente em Portugal. E o simulacro de Estado Social, que se esboçou algum tempo após o 25 de Abril, tem sido o PS e o seu chefe cretino a destrui-lo; embora, diga-se também que Cavaco Silva, quando primeiro-ministro, aplainou o caminho para tal, lembremo-nos do aparecimento das listas de espera e da famosa lei de gestão hospitalar que entregou todo o poder aos directores de serviço e… aos médicos.

Já que somos uns abusadores, nós, portugueses, utentes e trabalhadores da enfermagem, não devemos dar ao PS um único voto sequer! Que morram longe e depressa e… sem cuidados paliativos (em termos políticos, note-se)!

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