domingo, 3 de abril de 2011

Mais 22 milhões para os privados e mais mordomias para os boys


Cartoon em O Guardião

Depois de demitido o governo decidiu ir pagar cerca de 22 milhões de euros a doze hospitais pertencentes às misericórdias que passaram a prestar cuidados de saúde em plano de igualdade com os hospitais públicos do SNS. E não há dinheiro para os enfermeiros e nem para o SNS que viu o seu orçamento diminuído em 6%! Esta é uma forma de se privatizar a saúde em Portugal e, por outro lado, um expediente para uma confissão religiosa ir sacando dinheiro ao Estado.

Estes acordos, agora estabelecidos quase que à pressa já que o governo PS está de saída, vêm na sequência de um protocolo assinado em Março de 2010 entre o Ministério da Saúde e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP). E os hospitais abrangidos irão fazer “entre 15 e 25 mil cirurgias e mais de 100 mil consultas de especialidade", segundo as palavras da Ministra da Saúde. Não será de espantar que os médicos, que deixaram por fazer estas cirurgias e consultas nos seus empregos no SNS, sejam os mesmos que agora as vão fazer nos hospitais privados das misericórdias.

Nunca um governo fez tanto para a destruição do SNS e criação de condições para a privatização da saúde, processo de destruição que parece ter obedecido a um plano cuidadosamente estabelecido: primeiro, deixou-se criar as listas de espera nos hospitais públicos, não se obrigando os médicos a cumprir com os seus deveres de funcionários, bem pelo contrário, facilitou-se a acumulação de tachos no privado e, dessa forma, a parasitação do SNS; segundo, e com o governo PS, avançou-se para a privatização aberta, começando-se pelo encerramento de muitos serviços do SNS para se criar mercado e, agora, vai-se contratando esses mesmos privados para fazer o que o SNS pode e deve fazer, pois ainda tem meios para tal.

A fusão de 14 hospitais públicos em seis novos centros hospitalares, aprovada em decreto-lei no dia 2 de Março e que entrou em vigor no dia 1 de Abril, teria como objectivo "tornar mais eficiente a gestão das unidades de saúde envolvidas" e, aparentemente, reduzir custos com administradores e chefes que, pela lógica, sendo esse até o argumentário do governo, iriam ser reduzidos para metade. Mas, passado o dia 1 de Abril (talvez por ser dia das mentiras), nem as novas comissões administrativas tomaram posse e nem o número de gestores e chefes diminuiu, como acabaram por ver aumentados os vencimentos e demais mordomias – tal como sempre acontece quando há fusões de organismos do estado! Os enfermeiros supervisores e chefes (e outras chefias que mais altas se alevantam), nos HUC, passaram a receber o subsídio de gestão a partir de… Dezembro de 2010. E dizia o Governo (depois de demitido, a conversa versa mais a vitimização e a inevitabilidade da putativa “ajuda externa”) que estamos em crise e devíamos poupar!

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