quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Os desvarios financeiros do Ministério da Saúde


HenriCartoon

O governo gastou, em 2010, 1.673.886.793 euros em comparticipação com medicamentos, ou seja mais 7% do que no ano anterior. E nos hospitais do SNS, entre Janeiro e Novembro de 2010, o consumo (acumulado) de medicamentos foi superior a 919 milhões de euros, o que representa um crescimento de 3,9% relativamente ao período homólogo anterior. É o fartar vilanagem pela indústria farmacêutica neste sistema de saúde bio-médico!

As fraudes com os medicamentos são frequentes e mais outro caso é notícia: “Oito pessoas foram detidas no âmbito da operação da Polícia Judiciária (PJ) junto de 11 farmácias, distribuidores e armazenistas de medicamentos em Lisboa e Loures… a fraude está relacionada com medicamentos antipsicóticos e terá lesado o Estado em dois milhões de euros” (da imprensa). Há médicos envolvidos na tramóia. O sistema actual de comparticipação com o medicamento facilita as fraudes, como também é uma forma dissimulada de financiar com os dinheiros públicos o negócio privado das farmácias.

Segundo a Associação Nacional de Farmácias actualmente há clientes que aviam as receitas e pedem para pagar mais tarde. O fenómeno dos fiados nas farmácias já se sente há algum tempo, mas agravou-se nos últimos meses. Em Setembro de 2010, num estudo sobre o impacto das medidas complementares na área do medicamento, a IMS Health calculava que o nível de despesa dos utentes poderia "aumentar em 150 milhões de euros por ano", passando a despesa total de "1,575 mil milhões de euros para 1,725 mil milhões de euros".

O Presidente da República vetou o diploma que permite que a prescrição da marca do medicamento feita pelo médico seja substituída pelo farmacêutico, quer por medicamento genérico, quer por outro essencialmente similar, a menos que seja incluída, na receita, a respectiva justificação técnica. O governo acabou por prestar um bom serviço ao PR Cavaco Silva ao apresentar um diploma atabalhoado e mal fundamentado. É o resultado de se querer agradar a gregos e troianos. O governo continua a poupar no farelo para estragar na farinha.

Com esta ministra e com este governo, a política da saúde tem sido a mesma de Correria de Campos de má memória (o tal ex-ministro PS que apoiou Cavaco, ele lá terá as suas razões!). O governo anunciou o encerramento de 14 Serviços de Atendimento Permanente, entre os quais se encontra os de Vendas Novas, Montemor-o-Novo, Moura e Serpa, etc. Notícia que levou ao protesto público do povo de Vendas Novas. Este governo pôs os desempregados e os reformados a pagar taxas moderadoras e está a cobrar dívidas de taxas moderadoras, já prescritas, a funcionários públicos por serviços de saúde, que até poderiam ter sido a adquiridos no privado em melhores condições, e sem que lhes tivesse sido apresentada a conta no tempo devido.

Para os enfermeiros não houve dinheiro, nem haverá nos tempos mais próximos, atendendo às perspectivas quanto à duração da actual crise, ficando quase todos eles em congelação salarial, por tempo indeterminado, na nova grelha salarial de uma carreira profissional vexatória e degradante, cozinhada entre sindicatos e governo PS/ministra Ana Jorge. Haverá enfermeiros que ficarão sem qualquer aumento por mais de 10 anos, atendendo a que todo o tempo de serviço não conta na transição para uma carreira que deveria entrar em vigor só depois da aprovação do sistema de avaliação de desempenho. Contudo, há hospitais a colocar o carro à frente dos bois, a exemplo dos HUC, a proceder já à reclassificação dos enfermeiros, a retirar os cinco dias de férias adicionais aos enfermeiros a trabalhar no serviço de psiquiatria e… a pagar, desde Dezembro, o subsídio de chefia aos chefes e supervisores.

Sempre a mesma política: tirar aos que trabalham (os pobres) para dar aos que nada produzem (os ricos). Já é tempo, e razões mais que sobejas, para se correr com este governo!

1 comentário:

Anónimo disse...

"a retirar os cinco dias de férias adicionais aos enfermeiros a trabalhar no serviço de psiquiatria (...)" não podem ainda não foi retirado esse direito ficou o artigo lá bem no fim do Decreto-Lei n.º 248/2009
de 22 de Setembro Artigo 28.º
Norma revogatória
É revogado o Decreto -Lei n.º 437/91, de 8 de Novembro,
com excepção do disposto nos artigos 43.º a 57.º, os
quais se mantêm em vigor, com as necessárias adaptações,
na medida em que regulem situações não previstas no presente
decreto -lei, e na medida em que não sejam contrárias
ao regime por ele estabelecido, até ao início da vigência
de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.