terça-feira, 13 de julho de 2010

Saúde, no "poupar" vai o ganho


O Governo entendeu “poupar” 5% nas horas extraordinárias nos hospitais do SNS, assim como em outros gastos, nomeadamente medicamentos, etc. Mas esta política de cortar na despesa é mais aparente do que real, a realidade mostra é que o Governo/MS poupa é nos enfermeiros, que se vêm sem aumentos há oito anos e ficam na mesma na transição para a dita “nova carreira”, com excepção – é claro! – para chefes e supervisores.

Corte de 5% nas horas extraordinárias. Mas, no SNS, quem é que faz praticamente horas extraordinárias? Enfermeiros? Assistentes operacionais? Administrativos? Não, nenhum destes. Quem faz horas extraordinárias (mais de 80%), e aos fins de semana, continua a fazê-las. Os enfermeiros, que até deveriam fazê-las, atendendo à grande falta destes técnicos superiores de saúde (segundo fonte sindical, só na região de Lisboa faltam mais de 1000!), estes sim verão cortes nos seus rendimentos.

Outra rubrica que representa mais de metade dos gastos hospitalares é a que se refere aos medicamentos e, aqui, como a dívida já ascende aos 851 milhões de euros e o 'buraco' aumenta 25 milhões por mês, a Apifarma entendeu por bem exigir juros pela demora a uma taxa de 8%, muito acima do praticado pela banca. Logo a ministra, solícita e subserviente, veio dizer que iria fazer o possível e o impossível para regularizar a situação.

Ora, sabendo nós que a despesa com os medicamentos em Portugal é quase o dobro da média da UE, que a despesa em medicamentos, nos hospitais SNS, aumentou, no ano passado, 6,3% (para 1,5 mil milhões de euros!), e, em face disso (mais de 80% do previsto no OGE de 2009), o governo entendeu não colocar um tecto para este ano, no OGE de 2010, é fácil de prever que a despesa com os medicamentos irá disparar. Para a indústria farmacêutica já haverá muitos milhões de euros, centenas de milhões deles!

Não nos esqueçamos que tanto esta ministra, como o seu antecessor, aprovou aumento do preço dos medicamentos. O governo está refém da indústria farmacêutica. E tem funcionado como comité de negócios dos diversos interesses que vêm parasitando o Estado há já muitos anos.

Em tempo de crise, o Governo adquiriu 608 viaturas novas, que terão custado 7,7 milhões de euros.

Mas para os enfermeiros, nicles!

Como irá ser com a carreira médica, com grelha salarial a ser negociada para o ano? A desculpa será fácil, já que o governo será outro!

1 comentário:

Anónimo disse...

Como é isto possível acontecer??? Só mesmo neste pais de faz de conta!!! Como é possível isto acontecer sem que nada disto apareça na comunicação social??? Isto é um escândalo e impressionante é que nem mesmo aqueles que são enfermeiros são capazes de levantar voz... Ou pior quando existem greves que permitiriam se manifestarem, aparece logo um boicote dos sindicatos (nossos representantes) a desconvocar e a dar um ar de ridículo a toda a classe de enfermeiros. Passando até a ser gozados pela população em geral...
Acordem TODOS ENFERMEIROS/AS e LUTEM, COMEÇEM por EXIGIR EXPLICAÇÕES AOS VOSSOS SINDICATOS, E DEPOIS MOSTREM A VOSSA INDIGNAÇÃO AOS VOSSOS CHEFES E SUPERVISORES... Recusem-se a fazer trabalhos que não sejam obrigados!!!