quarta-feira, 23 de junho de 2010

Para os polícias já há dinheiro!


Antes da manifestação de 29 de Maio, um dos dirigentes sindicais da PSP (Paulo Rodrigues da ASPP) ameaçou o governo com o descontentamento e falta de motivação dos polícias caso as suas reivindicações não fossem satisfeitas. O Governo logo se esqueceu da “crise” e da “contenção das despesas públicas” e disponibilizou de imediato as verbas.

Enquanto o Governo vai gastar 6 milhões de euros em 3 anos para actualizar o início da carreira porque “não há dinheiro”, já tem uma verba bem superior a esta para gastar de imediato com as promoções dos polícias e com a abertura de novos concursos; decisão que foi tomada de um momento para o outro, bastou aos polícias bater o pé!

Em promoção dos oficiais da PSP, o governo vai gastar, para já, 2,5 milhões de euros, alguns deles vão ter um aumento mensal de cerca de 1000 (mil) euros, e parece que não há problemas em desapertar os cordões à bolsa com a promoção para 831 vagas para agentes principais e de 107 para chefes. Quanto aos enfermeiros não há dinheiro para a transição para uma grelha salarial que compense, ao menos, o que foi perdido em cerca de 8 anos de congelamento salarial.

O governo PS/Sócrates usa dois pesos e duas medidas: considera que é mais prescindível um competente e motivado profissional de enfermagem do que um polícia, pela simples razão de que se preocupa mais com a sua segurança do que com o bem-estar do povo português. Os governantes portugueses e a classe a que servem preferem que as suas costas fiquem bem protegidas do que haja um moderno e eficiente SNS para o povo que trabalha; este é, em última análise, quem paga sempre impostos e sustenta governantes e outros ditos poderosos.

Mas os nossos representantes sindicais, nomeadamente os da CNESE (CGTP), preferem as lutas virtuais, vão conciliando e não denunciam estas situações, possivelmente para não beliscar as susceptibilidades das organizações sindicais das polícias que orbitam na esfera daquela central sindical.

E estas lutas de faz de conta ficaram, mais uma vez, bem patentes na “manifestação nacional”, realizada e convocada pelo SEP, no passada sexta-feira, dia 18 de Junho, onde estiverem presentes pouco mais de 100 (cem) enfermeiros, e que desfilaram entre o Campo Pequeno e o edifício do ministério da Saúde. E a adesão à greve ficou-se pelos 65%, enquanto as greves anteriores andaram pelos 90%. È fácil agora aos dirigentes sindicais virem dizer que a classe se encontra cansada e dêem a luta por definitivamente encerrada. Era precisamente o que pretendiam.

É possível que alguns enfermeiros, menos avisados quanto ao modus operandi dos sindicatos afectos à CGTP, tenham ficado desiludidos com a fraca adesão. Mas devemos dizer que esta fraca mobilização foi intencional, não havia a intenção de realizar uma manifestação igual ou parecida com a de Janeiro, ou greve com forte adesão, pela simples razão de que o que o SEP pretendia está conseguido: a actual carreira serve aos dirigentes sindicais, não serve é à grande maioria dos enfermeiros.

Os sindicatos da FENSE desligaram-se da luta, greve e manifestação, porque há que respeitar o “acordo de regime” entre o partido a que estão ligados e o Governo e porque – e esta será a principal razão – não se pode esperar muito de dois dirigentes sindicais já reformados, para mais de um deles que deixou de trabalhar em 1976. Esperamos que a grande maioria dos colegas abram os olhos com a experiência desta luta, frustrada por interesses que nada têm a ver com a classe de enfermagem, e saibam retirar as devidas ilações. Outras estratégias e outros dirigentes sindicais são necessários e… a curto prazo, bem como outro Governo.

2 comentários:

Cogitare em Saúde disse...

É uma clara opcção politica. Que ninguém tenha dúvidas disso. E numa altura de fragilidade consieram que não temos peso social !

O que os sindicatos não provaram foi que tinhamos e desconvocaram a ultima greve !

Adicionamos o blog aos nossos links .

Anónimo disse...

Estes gajos do SEP haviam de morrer todos em casa á epera que chegue lá uma SIV/VMER que os fosse socorrer! É uma vergonha, acabaram com todas as hipoteses que tinhamos de vir a ter um ordenado justo.
ACABARAM COM A ESPERANÇA DE TODA A CLASSE!
Não aceito a justificação que deram para ter suspendido uma greve que já sabiamos que ia resultar!
BANDIDOS... Tenham vergona DEMITAM-SE!