quinta-feira, 22 de abril de 2010

Em Maio, mil greves brotarão!



Mas que greve? O SEP (ao que parece só este sindicato) tem andado a fazer plenários de sócios pelo país (e muito bem, parece que os nossos artigos têm surtido efeito!) para escutar a opinião destes sobre a carreira e as formas de luta a seguir.

Nos HUC e em outros hospitais, das diversas propostas de greve apresentadas, parece (e dizemos parece porque era impossível estarmos em todos os plenários) que aquela que terá maior apoio, e por sinal a de maior simpatia por parte do SEP (com ou sem manipulação), é a de se fazer greve por um período de duas semanas, mas não com todos os serviços parados em simultâneo.

Será uma greve faseada: num dia da semana, serão os serviços de internamento; noutro dia, os blocos; num terceiro, os centros de saúde. Ou seja, nas duas semanas, haverá 3 ou 4 dias de greve no máximo pelos mesmos serviços, que, por sua vez, poderão não envolver os mesmos enfermeiros. É mais uma greve soft, que pouco ou nada custa fazer; assim, na opinião dos senhores do SEP, os índices de adesão elevados estão garantidos. Pouco importa o prejuízo causado nos serviços, único efeito que poderia fazer demover o Governo da sua posição de intransigência.

A proposta de greve por tempo indeterminado não tem e nem nunca teve a simpatia do SEP (eles lá sabem porquê!), e a proposta de greve nos blocos por 15 dias, com fundo de greve para pagar aos colegas grevistas (proposta de autoria do próprio SEP), não foi para a frente porque o SEP chegou agora à conclusão de que “não é viável “(!?). Razões invocadas? A dificuldade logística de recolher o dinheiro e distribui-lo pelos colegas grevistas e – pasme-se! – a incerteza da adesão dos colegas em contribuírem para o fundo.

Estas “razões” revelam, essencialmente duas coisas. Uma, os dirigentes do SEP não confiam nem nos enfermeiros, que pagam as suas quotas, nem na classe que dizem representar, o que é grave. A outra, é os nossos sindicalistas esqueceram as razões porque nasceram os sindicatos; ora, estes surgiram exactamente para a criação de meios para os trabalhadores aguentarem a luta contras os patrões. Eles servem para se lutar por objectivos comuns, como seja a contratação colectiva, contra os despedimentos e apoio aos trabalhadores grevistas, mas para isso tinha que haver dinheiro e as quotas serviam para isso mesmo: criação de fundos para apoio aos trabalhadores grevistas, que tinham família para sustentar, e aos trabalhadores despedidos por retaliação dos patrões.

Só que isso aconteceu há muito tempo e os nossos sindicalistas pós-modernos têm a memória curta e quando olham para os milhares de euros pagos pelos sócios só se lembram das despesas da sua putativa actividade sindical. E o “enfermeiro” presidente vitalício do SIPE que o diga, já que deixou de trabalhar em 1976, sempre recebeu o vencimento pelos HUC e, depois de reformado, ainda tem a mania de que é sindicalista e até quer que os enfermeiros se substituam aos médicos nos cuidados primários de saúde, caso para se dizer: será outra coisa para além de possível distúrbio de personalidade?

Ficou prometido pelo SEP que a greve a encetar será para finais de Maio, presumivelmente para a altura em que a CGTP agendou campanha de luta contra o Governo. Primeiro serão os funcionários públicos em geral, depois virão os enfermeiros, cuja greve (e aqui o SEP reconheceu que errou na última greve) irá terminar em manifestação em Lisboa.

Quanto às reivindicações relacionadas com a carreira, o SEP diz que é questão de honra manter a exigência dos 1510 euros como início de carreira, embora possa aceitar o faseamento da entrada em vigor, à semelhança do que defende o Governo. Em relação à questão da transição dos enfermeiros no activo, o SEP defende a aplicação do sistema dos 10 pontos para subida, contando cada ano do tempo “congelado” da carreira em 1,5, o que permitirá que cada enfermeiro suba, pelo menos, uma posição. Ou seja, seremos prejudicados, comparados com a “velha” carreira. Quanto a outras questões, futuro dos especialistas, tempo para subida de posição, etc., nada se sabe. Ou melhor, até se sabe, vamos ficar ainda mais lixados.

Em Maio, mil greves brotarão. Mas, mais do mesmo. Nós, os do MOVES, iremos – como sempre – fazer greve a 100%, no entanto, desconfiamos do resultado da dita, a não ser que se avance para greve sem cuidados mínimos. Devemos, todos os enfermeiros, convencer-nos de que a nossa postura tem de mudar se queremos ter uma carreira digna e justamente compensada em termos salariais. Mudar em relação às formas de greve e em relação às direcções sindicais, de todos os sindicatos sem excepção, que manifestam mais medo do que a classe e que não têm feito outra coisa até agora que não seja puxar para trás.

1 comentário:

Anónimo disse...

Incrível é o facto de ter havido uma greve de "4" Dias com uma adesão de mais de 90% e nada acontecer!!!
Tanta gente insatisfeita e a sentir-se injustiçada e o governo nada faz nem diz... Aliás dizer até diz, e dizem a gozar!!!
Há 10anos que espero por um aumento de ordenado... por uma subida de escalão!!! e de repente aparecem lá uns senhores que nos congelam o ordenado e ainda brincam com a infelicidade dos outros!!!
Os próprios sindicatos pedem contenção nas formas de luta!!! mas porquê? com tanta adesão nestas ultimas greves acredito que muitos aceitariam parar o SNS com uma greve sem mínimos!!! Os próprios sindicatos se queixavam da falta de adesão dos colegas ás manifestações e greves... e agora??? Ainda há alguma queixa??? E agora não conseguem porquê??? Situação económica...
Que raio, estes sindicatos tem SEMPRE desculpa a dar!!!
Mas será que os senhores sindicalistas também tiveram o seu vencimento do sindicato congelado todos estes anos???
DUVIDO!!! Se assim fosse mostrariam muito mais determinação para conseguirem outros resultados!!!