quarta-feira, 7 de abril de 2010

Contra a subordinação, contra a colaboração!


A ministra da Saúde, a pediatra Ana Jorge, na entrevista feita por MST, não deixou de afirmar “que os Enfermeiros não têm um trabalho tão individualizado como os Professores”, daí não puderem auferir o vencimento dos 1510 euros no início da carreira e, não o disse mas deu a entender, nem nos outros escalões, porque estão integrados numa “equipa institucional fortemente hierarquizada”. Ou, por outras palavras, são subordinados de alguém e… os subordinados não podem ser oficiais, quanto muito sargentos.

Ninguém ouviu nenhum protesto por parte das estruturas sindicais por esta desconsideração ministerial da classe de enfermagem! É natural, a postura dos sindicatos tem sido a de colocarem-se de cócoras e pedincharem. E é natural que cada vez mais enfermeiros manifestem a sua indignação e acusem os sindicatos de passividade, de colaboracionismo e outras coisas piores.

A ministra da Saúde, a pediatra Ana Jorge, disse-o claramente que estava sensível à transição dos enfermeiros que já se encontram no SNS (muitos deles “congelados” há 8 anos), deu a perceber que a porta está aberta ao entendimento com os sindicatos para uma transição… fraca e reles. O prejuízo que a grande maioria dos enfermeiros sofreu com o congelamento da carreira não será compensado com a “transição” que se prepara. O “cozinhado” está à mostra! E os sindicatos não conseguem esconder o seu oportunismo quando deixaram cair a subida na antiga carreira em Janeiro de 2008 e antes, salientamos, de se negociar a “nova” carreira.

Neste cozinhado o tempo de serviço será lançado pela janela, pelo menos, tudo aponta neste sentido. Do mesmo modo, os enfermeiros especialistas serão desconsiderados e a quota para Enfermeiro Principal estará a ser negociada para premiar os sindicalistas cordatos que até nem querem que este Governo saia porque poderá vir um ainda pior e, então e na opinião deles, nada será aprovado. Iremos ter o resultado da política do mais vale pouco do que nada. Ora, a nossa opinião e a de muitos colegas, que se manifestam na blogosfera e em contactos pessoais do dia-a-dia, é a de conduzir a luta até ao fim ou então deixar ficar as coisas como estão.

Apesar da crise global, o país encontra-se em situação muito melhor do que em 1976, quando os auxiliares impuseram a sua promoção, há dinheiro e há crédito, coisas que escasseavam naquela altura, e há também, o que é mais importante, vontade de lutar; no entanto falta agora uma outra coisa que então existia: uma direcção sindical capaz. Deve-se lembrar que a luta só avançou de forma resoluta quando a direcção do Sindicato do Sul Ilhas, que deu origem ao SEP, afecta à CGTP, foi corrida e outra mais aguerrida foi eleita.

Esta direcção do SEP deverá ser escovada o mais depressa possível e, nas reuniões que agora promete fazer pelo país fora, para além de formas de luta avançadas que devem ser apresentadas e aprovadas, devem ser apresentadas moções de censura, que ponham em causa a sua continuação. Razão pela qual nós não defendemos a dessindicalização, mas, sim, a participação massiva nas assembleias sindicais, sejam do SEP ou dos outros sindicatos. Aí devemos denunciar o colaboracionismo com o Governo e a falta de coragem em combater frontalmente a política da ministra/Governo/Sócrates que despreza e prejudica os enfermeiros e o povo (veja-se o que está a acontecer em Valença do Minho!) deste país.

Nota final: não percebemos que sejamos obrigados a cumprir serviços mínimos durante a greve se até nem possuímos um trabalho (tão) individualizado e estamos sujeitos a uma estrutura fortemente hierarquizada!

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas será possível que estes sindicatos não têm vergonha na cara?
Não são capazes de ser determinados e coerentes o suficiente nos seus argumentos para negociar a carreira de enfermagem!
Quais são as duvidas?
Somos licenciados, temos uma profissão de risco e de grande complexidade... TEMOS DE SER REMUNERADOS COMO TAL!
Isto deixa alguma dúvida a alguém?

Se os nossos sindicatos não são capazes de demonstrar isto numa mesa de negociações, que raio estão eles lá a fazer?
Deixem então que todos os enfermeiros mostrem a sua determinação e insatisfação através de uma greve por tempo indeterminado!