terça-feira, 30 de março de 2010

Uns enfermeiros muito pouco compreensivos


O secretário de Estado da Saúde, o sr. Pizarro, veio à televisão dizer que os enfermeiros é que não quiseram aceitar o “aumento” para os 1200 euros e não “querem compreender” as dificuldades do país ao não aceitarem o aumento faseado. Bom, fica-se com a ideia de que os enfermeiros estão a pedir algum favor ou alguma que não é sua por direito. São muito pouco compreensivos!

Os sindicatos até estão a pedir pouco, talvez seja esse o mal. Porque se estivessem a pedir o exactamente CORRECTO e JUSTO, então a remuneração como licenciados deveria ser a partir do momento em que cada enfermeiro tirou a sua licenciatura, ou seja, com RETROACTIVOS!

Mas nem isso estamos a reivindicar, somos modestos demais e, talvez por isso, venhamos perder se não persistirmos na luta – pusemos a fasquia muito baixa e acordamos também muito tarde. Não é de estranhar, as reivindicações são um pouco como as formas de luta estabelecidas pelas direcções sindicais: pouco ambiciosas.

Não é demais recordar – haverá colegas mais novos que eventualmente não saberão – a greve feita em 1976 e que permitiu a promoção dos antigos auxiliares de enfermagem, foi uma greve dura, greve a todos os actos de enfermagem, com excepção das urgências, incluindo administração da medicação. Era ver a figura patética de médicos a preparar e administrar soros e a tentar fazer a higiene a doentes acamados. Quando se decidiu avançar para a greve total, incluindo urgências, é que então o Governo cedeu. Não houve outra alternativa. E o país, é bom também frisar, estava pior do que agora: não tinha dinheiro e nem havia crédito sequer.

Face à demagogia do PS no Governo, devemos teimar e levar a luta até ao fim. Porquê não radicalizar a luta como em 1976?

Quanto ao sr. Pizarro, devemos esclarecer que, segundo contas feitas, a despesa com os enfermeiros a auferir como licenciados, como realmente são, irá ter um acréscimo de custos para o Orçamento de Estado de pouco mais de 140 milhões de euros por ano. Ora, só o orçamento para a Assembleia da República é, para este ano de 2010, de mais 190 milhões de euros, isto é, mais 50 milhões de euros. Propomos que os deputados da Nação, e já que a sua missão é a de servir o país – uma função altamente desinteressada e altruísta –, então que passem a ganhar como os enfermeiros ganham actualmente (um enfermeiro graduado com 20 anos de serviço recebe 1300 euros ilíquidos mensais), passem a comer em refeitório de funcionários públicos (3,8 euros por refeição) e tenham direito a reforma após 40 anos de serviço e 65 de idade (tal como um “normal” funcionário público), e teríamos o problema resolvido para os enfermeiros sem aumento de custos para o OE, porque 50 milhões de euros, atendendo ao que fazem, são mais que suficientes para pagar aos nossos “representantes”.

Fica a sugestão!

2 comentários:

enfermeirooenfermo disse...

Totalmente de acordo,nada como a radicalização das formas de luta.só a mal compreenderão a nossa falta...

Anónimo disse...

Totalmente de acordo!!! Que tenham as mesmas condições do trabalhador comum!!!
Temos de ser mais determinados e suficientemente fortes para acabarmos com toda esta injustiça!!!