terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Um mês depois! E que acordo?



A próxima reunião entre ministra e sindicatos foi marcada para o dia 26 de Fevereiro, ou seja, quase um mês após a greve de 3 dias que culminou numa imponente manifestação. E, claro, foi a ministra que marcou a data, os sindicatos continuam ir a reboque, até parece que foram eles que ficaram mais surpreendidos (ou assustados?) com a forte adesão da classe.

Não deve haver pressa quanto a aprovação da nova grelha salarial, já que a aprovação pelos sindicatos da carreira antes das eleições foi um acto precipitado, para não dizer coisa pior. Só que também não podemos estar à espera indefinidamente, devemos ter agora a iniciativa e impor o nosso calendário negocial, o que não parece estar acontecer. O objectivo do Governo e da ministra é ir ganhando tempo e deixar que o Orçamento seja aprovado e fazer com que nós, enfermeiros, desmobilizemos. Não devemos permitir tal coisa!

Não se deve ceder nos 1510,21€ como início da carreira, pode haver outros pontos mais importantes, mas este é, de certo modo, simbólico. Ceder aqui, é ceder no resto. E o que é o resto? É:

- Transição para a nova carreira de acordo com o tempo de serviço – caso este princípio seja respeitado, a exigência dos 490 euros passa a ser ridícula, e até humilhante, para usar a terminologia dos sindicatos, porque o aumento seria, em média, cerca do dobro;

- Não existência de vagas para aceder à categoria de enfermeiros principal – seria forma de romper, pelo menos parcialmente, o colete-de-forças que representa esta categoria e que o Governo pretende que não tenha um rácio superior a 10%; ou seja, pior que a carreira que os professores repudiaram, por impor duas categorias praticamente estanques;

- Qualquer enfermeiro possa atingir o topo da carreira em tempo útil – a carreira que foi aprovada impede esse objectivo a mais de 90% dos enfermeiros;

- Valorização económica dos especialistas e de todos os enfermeiros que tenham mestrados ou doutoramentos – seria um incentivo a valorização académica da classe, sendo a formação dos especialistas organizada no sentido de, a médio prazo, todos os enfermeiros serem especialistas;

- Contagem de todo o tempo de serviço, incluindo aquele em que não houve subida de escalão na carreira ainda em vigor e do tempo em que esteve congelada – há enfermeiros que há oito anos não sobem de escalão, e por que não subida de escalão ainda antes da transição?

Estes pontos, são indubitavelmente mais importantes do que a questão de se saber se o início na nova carreira é nos 1510,21€ (nível 21) ou nos 1407, 45 (nível 19), mas este ponto vale pelo que representa quanto a coragem dos nossos representantes sindicais, porque se cedem neste, então nos outros será bem pior, pela razão de se colidir com os princípios do Governo e de envolverem verbas muito mais elevadas.

O discurso dos dirigentes sindicais ainda durante a greve deve deixar-nos preocupados. Declarar perante a comunicação social que estamos a “pedir pouco” é assumir uma posição defensiva; ora nós, enfermeiros, só estamos a pedir o que temos direito – nem mais, nem menos. O coordenador do SEP afirmou que está disposto a negociar a partir do “patamar máximo” dos 1500 euros; ora este patamar deve ser o mínimo e não o máximo, por que podemos perguntar: então, qual é o patamar mínimo? Estas posições conciliadoras há muito que foram observadas pela ministra/Governo, razão pela qual esta apresentou, em início de Janeiro, uma proposta que ficava aquém da anterior; isto é o que qualquer negociador faz quando vê que a outra parte é fraca e está com pressa.

Haja coragem e firmeza suficientes para levar a luta até ao fim. A classe mostrou, sem margem para dúvidas, que está disposta a lutar, ou como uma colega afirmou, quando entrevistada por um órgão de informação (jornal DN): “Lutar até às últimas consequências!”. Não sabemos se os dirigentes sindicais terão, a nível individual, coletes para a missão, e se, a nível do partido a que pertencem, autorização para o fazer. Os factos serão os aferidores da verdade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Até me atrevo a dizer que o nosso destino já está traçado!!! Dia 26 nada vai acontecer... o mais certo é a ministra adiar a reunião ou então vir-nos pedir novamente bom senso e prudência!!! Até me fazem rir...
Srª Ministra BASTA desta exploração feita aos enfermeiros!!! Temos formação e competências que exige que sejamos reconhecidos socialmente de outra forma e com uma remuneração condizente como qualquer outro profissional com licenciatura!!!
É desmotivante... trabalho há treze anos e tenho um ordenado base de 1100 Euros??? Isto é gozo, só pode ser, e o pior é que os sindicatos tem sido coniventes com isso!!! Há 10 anos que somos licenciados, e há oito anos que não há nenhuma subida de escalão!!! e só agora é que eles abriram os olhos e se lembraram disso.
Verdadeiramente é o facto do tempo que fica fora do periodo de congelamento não ser contado!!!
Estes sindicatos são desonestos para não dizer mentirosos!!! Dizem-se os nossos representantes, cada um melhor do que o outro mas realmente eles não tem de se preocupar muito com os aumentos de salário... eles tem lá as cotas dos seus associados que entram todos os meses nos seus cofres e que dá para muita coisa!!! Se não fosse assim já teriam feito mais há mais tempo e tambem agora se mostrariam mais interessados em pressionar o nossos governantes!!!