terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Saúde: os privados facturam cerca de 700 milhões de euros em 2009


Os principais grupos privados na área da saúde facturaram 694 milhões de euros em 2009, um ano considerado de crise, mais 42,5% em relação ao ano anterior, o que corresponde a um aumento da procura na medida em que o Governo vai fechando serviços do SNS e vai entregando a estes grupos económicos a gestão de hospitais públicos, através das já célebres “parecerias público-privada”. Parcerias que só têm trazido prejuízo para o Estado e mais despesa para o bolso do cidadão, ao mesmo tempo que os serviços prestados por estes hospitais vão-se restringido ao que dá lucro a 100%, por exemplo, o Hospital de Braga, a ser explorado pelo grupo Mello, acabou com as consultas de infecciologia, nefrologia, reumatologia e imunoalergologia.

É assim que o Governo gasta o dinheiro na Saúde, parte substancial destes 694 milhões de euros saíram directamente dos cofres do Estado, seja através das ditas parcerias, convenções, etc., quer através da segurança social; o restante desses lucros é dinheiro pago pelos cidadãos que, tendo os seus impostos em dia, deveriam beneficiar de cuidados de saúde gratuitos e de qualidade. Porque, e apesar da propaganda e da degradação a que o SNS está a ser sujeito, o privado ainda não é melhor que o público, basta ver as notícias sobre os casos que correm mal no sector privado e que, posteriormente, são resolvidos no SNS.

Os quatro principais grupos económicos que exploram a carteira dos portugueses e o erário público, com a justificação de que oferecem melhores cuidados de saúde, são o grupo Mello, que em "2009 terá fechado com uma facturação de 266 milhões de euros, ou seja, mais 20% a 30%", valor que engloba o Hospital de Braga; o Espírito Santo Saúde (ESS) que, por seu lado, facturou 219 milhões de euros, o que significa que os resultados cresceram 19% em relação a 2008; os Hospitais Privados de Portugal (HPP), que terá facturado 150 milhões de euros, que explora o Hospital de Cascais; o grupo Trofa, liderado por José Vila Nova, cujo ganho anual foi de 47,5%, passando a ter 59 milhões de euros de facturação este ano, com a perspectiva de novo aumento para 2010.

Por outro lado, os tão louvados hospitais públicos com gestão empresarial (EPE) registaram um agravamento dos prejuízos em 22,4 % nos primeiros nove meses do ano, para 218 milhões de euros, segundo os dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). Estes gastos centram-se no consumo exagerado de medicamentos, exames complementares de diagnóstico e análises, muitos dos quais feitos em centros privados, revelando uma realidade que vai persistindo, ou seja, a parasitação do SNS pelos privados, e não com o aumento de pessoal de enfermagem, por exemplo. No entanto o Governo diz que não há dinheiro para pagar aos enfermeiros como licenciados. Pois é, o bolo não dá para todos, apesar das verbas para a Saúde terem aumentado no OGE de 2010!

Sem comentários: