sábado, 30 de janeiro de 2010

GREVE – Um entusiasmo imparável


Logo ao primeiro dia de greve, os enfermeiros mostraram que estão disposto a lutar por uma tabela salarial à altura de qualquer outra profissão com o mesmo nível de formação académica e corresponda às suas responsabilidades. Nós, enfermeiros queremos também uma carreira que permita a qualquer um de nós a chegada ao topo ainda antes da reforma. Não queremos uma carreira só para uns poucos, repudiamos uma carreira a todo o custo. E os números,logo ao primeiro dia, apareceram: 90%, segundo fonte sindical; 77%, segundo o Governo.

E, ao contrário de algumas expectativas, ao segundo dia os números dispararam ainda mais: 95% e 85% respectivamente, segundo as mesmas fontes. A dimensão da adesão, maciça, foi reconhecida pelo próprio Governo, aproveitado-se os partidos da oposição para fazer os seus discursos da praxe de apoio à luta dos enfermeiros. Hospitais onde a adesão foi 100%, e cidades onde os enfermeiros levaram a cabo acções de rua que tiveram impacto na opinião pública e que os media não conseguiram minimizar.

A greve é abertura de noticiários, faz parte do noticiário de canais televisivos estrangeiros, tem impacto em toda a sociedade. Ninguém está indeferente. A opinião pública que, por vezes, é sensível à manipulaçáo, no geral, compreende e aceita as razões da luta dos enfermeiros. É a maior greve da classe depois de 1976, luta que permitiu a a promoção dos auxiliares de enfermagem e que atirou os enfermeiros para níveis remuneratórias iguais, por exemplo, aos dos professores.

Mas, atenção, as greves de 2010 e de 1976 são diferentes. Em 1976, a greve chegou a ser praticamente total, com a recusa de administração da medicação e, já na parte final, com a ameaça de se suspender alguns cuidados de urgência. Foi uma luta dura, já depois de passar o período “quente” de 1975, agora é diferente, mas o entusiasmo não é menor. Deixem-nos lutar! Os números da adesão contrariam a opinião de alguns dirigentes sindicais que, em conversa com elementos que animam este blog, justificaram não se ter ido para greve antes das eleições legislativas de Setembro passado, e por uma semana, por exemplo, porque a experiência demonstra, segundo eles, que a adesão mesmo sendo elevada ao primeiro dia, decresce a pique no segundo, para ir a valores irrisórios ao terceiro. Ora, a experiência desta greve mostra que os nossos sindicalistas estavam errados.

Nós, enfermeiros, estamos animados, somos capazes de enfrentar ameaças de processos crime e outras pressões e mais longe iremos desde que nos sintamos devidamente apoiados pelos sindicatos. A questão que agora se põe é o que fazer com esta enorme e entusisástica adesão se o Governo/ministra não ceder ou venha com mais uma proposta ridícula, com mais uns tostões, justificando-se com a “crise” e o “défice” do Orçamento do Estado?

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